quarta-feira, 16 de maio de 2012

Cheiros

Nas minhas caminhadas, com a música nos ouvidos, penso muito.
 No outro dia, um cheiro intenso a flores levou-me a refletir sobre os cheiros. Então recuei à minha infância, senti outra vez o cheiro a cidra, que a minha avó espanhola fazia; o cheiro do café, acabado de moer, num pequeno moinho vermelho, que a minha tia Piedade tinha na época; o cheiro da empanada de souvinhas. Na minha adolescência, quando passava a fronteira de Valença do Minho, para ir visitar o meu pai, colocava a cabeça fora da janela do comboio, sentia o cheiro da minha identidade, o cheiro da minha terra. O cheiro a mim!
 Hoje, Adulta, há um cheiro que não dispenso, o do mar dos Açores, faz-me sentir completa.
Apesar de toda a inteligência do ser humano, no fim, não passamos de animais, que recordam os cheiros mais importantes  da sua vida.
Será que é mesmo assim?

1 comentário:

Unknown disse...

Bonita reflexão. Bonito regresso ao passado e às origens. Muito bonito texto, espelho da sua autora.

A minha rádio