domingo, 7 de outubro de 2012

Saudade

Tenho saudade de ti!
do teu olhar maroto, das gargalhadas, do teu sorriso,
da tua companhia bem disposta e descontraída.
tenho saudade de ti!
E o tempo passa, desejo rever esse olhar que cativa
que me deixa embriagada, atrapalhada, sabendo que não posso esperar nada.
tenho saudade de ti!
como o ar que respiro, como a maré que baixa e sobe, como o dia que morre para nascer a noite.
Tenho saudade de ti!

Susana Cameselle


 

domingo, 20 de maio de 2012

Mais um dia

Na aurora de um novo amanhecer, olhas para o sol com vontade de viver.
Sentes que algo novo pode acontecer. O coração enche-se de calor, de emoção, com vontade de viver.
Queres voltar a sentir e acreditar que podes ser feliz, ilumina-se olhar, já apagado e cansado de tantos sonhos perdidos, de tantas lutas inglórias.
 Cheia de confiança, tornas a sorrir e avanças com confiança, sem pensar no passado, com um olhar luminoso posto no futuro de mais um dia...


Susana Cameselle

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Cheiros

Nas minhas caminhadas, com a música nos ouvidos, penso muito.
 No outro dia, um cheiro intenso a flores levou-me a refletir sobre os cheiros. Então recuei à minha infância, senti outra vez o cheiro a cidra, que a minha avó espanhola fazia; o cheiro do café, acabado de moer, num pequeno moinho vermelho, que a minha tia Piedade tinha na época; o cheiro da empanada de souvinhas. Na minha adolescência, quando passava a fronteira de Valença do Minho, para ir visitar o meu pai, colocava a cabeça fora da janela do comboio, sentia o cheiro da minha identidade, o cheiro da minha terra. O cheiro a mim!
 Hoje, Adulta, há um cheiro que não dispenso, o do mar dos Açores, faz-me sentir completa.
Apesar de toda a inteligência do ser humano, no fim, não passamos de animais, que recordam os cheiros mais importantes  da sua vida.
Será que é mesmo assim?

domingo, 22 de abril de 2012

Fome!

Ontem pela primeira vez na minha vida assisti a uma situação que nunca pensei que poderia ver, no século 21. Um homem comia vorazmente, até aqui tudo normal, mas o anormal é que tinha a cabeça dentro de um caixote do lixo, conforme encontrava restos de alimentos os comia directamente.
 Fiquei chocada, deu-me vontade de chorar. Como é que chegamos a este ponto? Como é que o ser humano é tão mau? Olha só para o seu umbigo, falam de ajudas para as pessoas mais necessitadas, será que essas ajudas são entregues, a quem as necessita mesmo? Penso que não! Existem muitos oportunistas que jogam com a miséria humana! Sim, porque o que observei não foi mais que o mais baixo a que um ser humano pode chegar! Uns com tanto e outros sem nada, nada mesmo.
Senti impotência! Uma vizinha foi buscar pão e febras, que tinham sobrado do seu almoço, eu fui buscar fruta, foi o mínimo que podíamos fazer.
Não consigo entender, como é que um país chega a esta situação? Porque quem rouba para seu beneficio não é castigado? Porque os políticos corruptos não são responsabilizados? Porque não terminam com os lo bis? Tanta evolução deveria trazer bem estar e não miséria humana.

sexta-feira, 30 de março de 2012

A aventura de Primavera

Há muitos, muitos anos, uma princesa, com o nome de Primavera, desejava viajar, sonhava com novas aventuras. O rei não queria deixar ir a sua filhota por esse mundo fora.
Primavera era teimosa, sempre que tinha oportunidade, pedia ao pai para a deixar empreender essa aventura.
Um dia o rei chamou-a e disse-lhe: - Vais casar-te, em breve, com um princepe de outro reino.
 A princesa ficou aflita e respondeu que não se casaria, com alguém que não conhecia e que não amava.
 O rei disse que já estava tudo tratado e ela não tinha opinião, nessa decisão.
 Primavera começou a chorar, foi para o seu quarto e deixou de comer. A rainha preocupada falou com o rei e resolveram deixa-la realizar a viagem dos seus sonhos e no regresso ela se casaria.
 Assim foi feito.
Primavera ficou muito contente, acompanhada por uma pessoa de confiança, dos Reis, iniciou a sua viagem.
Todos os dias descobria coisas novas, o cheiro e a cor do mar, fascinavam-na, adorava o por do sol, sentia-se feliz e desejava que aquela viagem não tivesse fim.
Cinco dias após o inicio da viagem, um grande temporal assolou o navio, ventos muito fortes, ondas altíssimas, assustaram a princesa. Repentinamente uma vaga cobriu todo o navio e o pior aconteceu! Tudo saiu dos seus lugares, as pessoas gritavam, todos tentaram colocar-se a salvo, mas tudo foi em vão.
 Primavera pensava, é o fim! E, o navio naufragou.
Quando Primavera abriu os olhos, estava numa praia, doía-lhe o corpo todo, tinha muito frio, estava fraca e faminta, tentou levantar-se mas desmaiou.
 Ao acordar, estava deitada numa linda cama, num quarto amplo e cheio de luz.
 Pensou: - Onde será que estou? E como vim aqui parar? Estava nestes pensamentos quando entrou uma senhora muito simpática: - Ai que bom! A menina já acordou, estávamos tão preocupados, teve muita febre. Agora sim, vai ficar boa!
Primavera perguntou: - Onde estou?
 A senhora: - Está na Ilha Branca, no palácio da caldeira! Vou avisar os Reis que já acordou.
Pelas suas vestes os pescadores, que a encontraram na praia, souberam logo que aquela rapariga era de origem nobre e correram a avisar o rei. Este apressadamente mandou que a levassem para o palácio e que tratassem muito bem dela. Assim foi.
A rainha, quando foi informada das melhoras de Primavera, foi logo vê-la.
Primavera contou como tudo tinha acontecido e quem era. A rainha prometeu que iria avisar os pais, para comunicar onde ela  estava  e que se encontrava bem.
O tempo foi passado, a princesa foi descobrindo como viviam aquelas gentes, os seus costumes e tradições. Participava nas festas com entusiasmo, estava encantada por ter ido parar a aquele pequeno paraíso.
 Um dia chegou uma mensagem, os pais estavam a caminho, para ir buscá-la.
Por esses dias, Primavera tinha ganho o hábito de passear, todos os dias, ao fim da tarde, pelos jardins do palácio. Numa dessas tardes, estava sentada junto a um pequeno lago, quando, vê um pequeno sapo, perto das suas pernas. O que a surpreendeu foi, o sapo usar botas.
- Não devo estar a ver bem! E continuou a olhar.
O sapo disse: - Olá!
Primavera deu um grito: AIIIIIIIIIIIIIIIIII! Um sapo que fala! Isto não pode ser! Os sapos não falam!
Sapo: - É verdade, mas eu não sou um sapo, sapo! Sou um príncipe! Que por ser vaidoso e egoísta, uma fada deu-me este castigo, transformou-me  em sapo, para aprender a ser humilde e generoso. Já chorei muito e aprendi a lição.
Primavera: E agora como podes voltar a ser humano?
Sapo: - Voltarei a ser como era, quando alguém gostar de mim, de verdade.
 A partir desse dia, todas as tardes, a princesa encontrava-se junto ao lago com o seu amigo sapo e passavam horas a conversar.
Uma tarde, Primavera sentou-se no lugar de sempre, mas estava muito triste, chegará a hora de partir. Os seus pais já tinham chegado, teria que voltar a casa e casar, com um príncipe que não conhecia. Voltar para ser infeliz. A princesa começou a chorar.
O sapo chegou e perguntou: O que tens minha querida princesa?
Primavera contou tudo, ao seu grande amigo, as horas passaram, muito depressa, chegou o momento da despedida, Primavera começou a soluçar! O sapinho também chorava, pois nunca mais poderia ver a sua linda e amada princesa.
Uma lágrima caiu na cabeça do sapinho com botas.
 À sua volta apareceu um nevoeiro intenso e o sapinho pouco a pouco começou a transformar-se em humano.
Quando o nevoeiro desapareceu Primavera estava espantada, tinha à sua frente um lindo príncipe.
 O seu querido sapinho, era agora um jovem, lindo, ao qual amava profundamente.
 Abraçaram-se e foram a correr para o palácio.
Os Reis ficaram felizes, pois o sapinho era o seu querido filho. Os pais de Primavera não sabiam o que dizer, estavam perplexos.
Os dois apaixonados estavam tão felizes, e logo os respetivos pais resolveram que estes deveriam ficar para sempre juntos.
Passados uns meses, Primavera e o príncipe com botas casaram e viveram na sua Ilha Branca para sempre.



Susana Cameselle

quarta-feira, 28 de março de 2012

Negamos para viver

 Negamos para viver.
Muitas vezes nos enganamos, tentamos fazer o nosso caminho e guardamos num cantinho o maior dos sentimentos.
 É impossível, pensamos, os caminhos não se tornarão a cruzar. 
A vida corre, encontras outras paixões, queres sentir igual ao que está lá escondido.
Mas nunca é igual! Gritamos por dentro!E sempre aquela sensação de incompleto, vazio e solidão....
 Claro dizem os entendidos, cada amor é diferente.
 Aceitamos as explicações, seguimos em frente.
Quando estamos sós, refletimos, olhamos no fundo das nossas entranhas e sabemos que amaremos aquele ser eternamente, em silêncio, vivendo momentos fugazes de felicidade, para enganar a verdade.
Mais ninguém se lembra, só tu! E guardas como um tesouro esse sentimento, tão puro, que muitos banalizam ao utilizar a palavra amor.

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