sábado, 27 de julho de 2013

Aí as malas!

  No natal de 2004, em mais uma das minhas visitas à casa da mamã, vivi mais uma das minhas viagens com história. Então vamos lá!
Nesse Natal a minha vida estava do avesso, sentia-me cansada, desorientada, só queria chegar a casa da minha mãe e ter uma dose grande de mimos.
 Como fazia muitas vezes quando as ligações de avião entre os Açores e o Algarve não me permitia fazer a viagem toda no mesmo dia, ficava a dormir em casa da minha tia "de Lisboa" e foi isso que aconteceu, no entanto não seria como o habitual, desta vez a minha tia iria comigo para o Algarve.
Quando dei por mim estava rodeada de malas, a minha mala e mais 3 da minha tia, tudo ok.
 Fomos para a estação do oriente e quando íamos subir para a zona das linhas do comboio pousei as malas no chão para ver qual a melhor forma de as levar para esse local. Ainda estava a pensar quando de repente sinto um grito, olhei e nem queria acreditar no que via... a minha tia, com cerca de 70 anos, na época, completamente virada do avesso no meio da escada rolante, com mais uma bendita mala! Gritei, valha-me a santa! Deixei tudo espalhado no chão e corri. Aquilo parecia uma cena para os apanhados, o segurança a correr para parar a escada rolante, eu a gritar e aquela santa alma toda escachada no meio da escada rolante. Bom resolveu-se o assunto, um joelho inchado e pouco mais. No decorrer do percurso até ao Algarve fez gelo, descansou, parecia que tudo estava a compor-se, sim, parecia!
Quando chegámos a Faro tínhamos que mudar de comboio para seguir para Vila Real de Santo António. Descemos com cuidado, carregava as 4 malas e ela vinha atrás, pedi ao chefe da estação para a ajudar enquanto levava as malas para a linha certa. No momento em que estava a meio da linha, com as malas, ouvi outra vez gritos, nem queria acreditar quando olhei para trás! Não podia estar a ver bem! Aquilo não me estava a acontecer! Não podia ser!
 Lá estava a tia estatelada no meio da linha mais o chefe da estação! Os dois completamente estendidos no chão, até o telefone do chefe estava espalhado no meio da linha. Enfim! Outra vez!
Lá chamaram a ambulância! Quando os bombeiros quiseram rasgar as calças e as meias para poder ser auxiliada, a minha tia gritava que as calças eram caras, que as meias eram caras. Raios partam a mulher, ainda por cima dificultava tudo! Levaram-na para o  hospital.
Olhei para mim estava rodeada de malas, casacos, botas!| Ai as malas! Para que quer aquela mulher tantas malas, para um par de dias?! Resolvi esse problema, a minha irmã iria buscar tudo à estação de Faro, então segui para o hospital. Cheguei 1º que ela e quando chegou só dizia: Oh filha toma os ouros! Meu Deus nem queria acreditar, ainda nem sabia o que tinha, já pensava que lá ia ficar internada. Passei lá horas sem fim, chamaram-me e disseram que tinha o joelho muito magoado das duas caídas, nada que não se resolvesse com descanso, podíamos leva-la. Tudo bem fiquei feliz, a minha mãe e o meu cunhado já estavam lá à espera.
Então disse: Vá tia vamos? Ela respondeu: Não consigo sair da maca! A médica que a tinha atendido viu a minha aflição, já não sabia o que fazer pois ela não queria sair da maca. A médica disse: Então não foi a senhora que subiu só para a maca? Ela disse: fui senhora doutora! Então também pode descer, respondeu a médica.
 Bom, lá desceu e como se queixava muito levei-a numa cadeira de rodas. Agora iríamos para casa! Mas reparei que ela começou a chegar-se para a ponta da cadeira, para cair outra vez, ai disse-lhe: Já chega tia, não vais ficar internada nem ser operada senta-te bem! Estou farta, só quero chegar a casa!
Cheguei por volta da 1 e meia da manhã!
Fogo! Não há nada que não me aconteça! Viagens rotineiras já vi que não são para mim!



A minha rádio