quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Magalita vai à escola

O PRIMEIRO DIA NA PRÉ ESCOLA




Magalita é uma menina de cinco anos, que nunca tinha frequentado a pré escola, os pais tinham resolvido inscreve-la só quando ela estivesse a um ano da entrada para o primeiro ciclo, apesar dos seus pedidos constantes, pois ela queria ir para a escola, brincar com os outros meninos.
Finalmente chegou o grande dia. Grande dia para os meus pais! Eles estão super contentes até parece que lhes tocou o totobola!...
Hum! Hum! Já não estou a gostar muito da ideia, primeiro tiram-me do quentinho da minha caminha, depois tenho que tomar banho depressa, de seguida vestir-me num abrir e fechar de olhos e o pequeno-almoço é sempre a correr! Já nem posso brincar com as estrelinhas dos meus cereais favoritos!
A minha mãe é quem me leva à Escola.  No caminho lá vai dizendo que eu vou gostar, que vou fazer muitos amigos e vou aprender muita coisa.
 Mas não sei não! Acho que não quero ir para a escola!
A minha mãe diz: - Olha, Magalita, estás a ver aquela casa tão grande?
- Eu, claro que estava a ver! Estava a ver tudo muito claro! Quero ir para casa!
Digo então para a minha mãe: - Vamos para casa! Vamos para casa! Eu já não quero! Não quero! Não quero!
Comecei a chorar e a gritar, bem alto, quando cheguei junto do portão. Mas a minha mãe nada, toca a andar! Finalmente cheguei a uma sala onde tudo era pequenino, as cadeiras e as mesas. Que pequeninas! Tinha estantes com muitos brinquedos, jogos, tinha um cantinho na sala que parecia o quarto e a cozinha da minha avó. Também tinha outro lugar que parecia uma biblioteca, porque tinha muitos livros e sofás pequeninos. Até gostei do que vi. Mas, ali é que não ia ficar, nem morta! Tinha que ir para casa! Ainda por cima estava aquela mulher que não me conhecia de lado nenhum a olhar para mim! Ai, isso é que não! Não e não!
Parece parva, a fazer-me festas como se já me conhecesse de toda a vida. A minha mãe estava de lágrima no canto do olho. Boa! Vou atacar agora! Comecei a chorar, a bater o pé e a gritar: 
 Mãe leva-me para casa! Quero ir para casa! QUERO IR PARA A MINHA CASA! MÃE! OH! MÃE LEVA-ME PARA CASA, EU NÃO QUERO FICAR AQUI! EU NÃO QUERO! A minha mãe começava a ceder, ela não sabia bem, se deveria deixar-me na escola ou levar-me para casa.
Então disse: - Leva-me para casa, prometo que amanhã venho e fico sem chorar! PROMETO! PROMETO! JURO MÃE! LEVA-ME PARA CASA!
Nesse momento a educadora começou a falar com a Mãe de Magalita. Era normal, as crianças, quando chegam pela primeira vez à escola, terem essa reacção, mas que rapidamente passava. Ela que fosse embora, eu ficaria bem pois, caso contrário, elas telefonavam a informar, ai vinha buscar-me.
Nem queria acreditar… Mas, quem era aquela Parva para convencer a minha querida mãe a deixar-me ali, com todos aqueles estranhos?! NÃO! NÃO E NÃO! Comecei outra vez a chorar e a gritar: - QUERO IR PARA A MINHA CASINHA! LEVA-ME MAMÃ! LEVA-ME PARA A NOSSA CASINHA! Chorava e gritava tanto, que até me doía a cabeça e a garanta. Mas tinha que ser, tinha que conseguir levar avante a minha vontade e não podia ganhar aquela mulher, que não conhecia de lado nenhum, a minha mamã ia levar-me para casa.
Num segundo, nem sei como foi, a minha mãe sai a correr e aquela educadora, com o nome de Rebeca, agarrava-me e dizia: - Tu vais gostar, linda menina, a Becas vai brincar contigo e os outros meninos também. Queria lá saber disso e gritava cada vez mais alto: - QUERO A MINHA MÃE! OH MÃE! Fiquei desorientada, pois… Não é que a minha mãe foi mesmo embora?!! Chorei e gritei até não poder mais. Uma senhora grande e gorda, que lá estava, dava-me plasticina, dizendo: - Mexe filha, brinca que vais gostar! Olha tantas cores!
Mas eu queria lá saber! Queria a minha mãe.
A Becas dizia: - Deixe D. Balbina, deixe que isso já lhe passa!
Passa, passa, pensava para com os meus botões: - Vais ter que chamar a minha mãe! Ai, isso é que vais! E, que nome feio tem esta grandona! Balbina! Bedc!!!
A Becas disse:  Podes ficar para ai a chorar e não te divertires ou podes tentar experimentar e ver se gostas!
Lá me sentei e fique a ver no que aquilo ia dar.
A Becas era engraçada, sabia contar histórias e contou uma sobre os brinquedos velhos que os meninos tratavam mal, depois de terem outros mais novos. Os brinquedos velhos iam embora…! Aquilo deu que pensar!
A manhã passou a voar, nem dei pelo tempo… Quando reparei, já estava a minha linda mamã à minha espera.
Como era o primeiro dia, não tínhamos escola à tarde. A Becas despediu-se de todos e perguntou-me se voltava no dia seguinte, claro que sim, respondi! Tinha tanta coisa para fazer lá! Sim, porque na escola temos muitas coisas para fazer e aprender! Quando cheguei a casa, o meu pai, com cara de curiosidade perguntou: Então como foi isso? Voltas amanhã?
Claro que a minha mãe já lhe tinha contado a fita que fizera!
Respondi-lhe com ar importante:  Claro que sim! Tenho assuntos a tratar com a Becas!
Ele piscou o olho à minha mãe. fui a correr para o meu quarto ver os meus brinquedos velhos, tinha que lhes dar miminhos, porque aquela história sobre os brinquedos, que a Becas contou, não me saia da cabeça! Não queria que as minhas bonecas preferidas fossem embora! Livra! Era o que me faltava!





Susana Cameselle y Duarte a 19 de Janeiro de 2004.

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